Pombo

Hoje vi um pombo a beira da morte, ele estava machucado, em sua cabeça parecia ter sangue. Certamente ele morreria logo.

Eu o via da academia, de suas grandes janelas de vidro, era daqueles pombos que não conseguem mais voar e ficam de um lado para ou outro andando, pulando, fugindo das pessoas para se proteger, ele já não conseguia mais voar.
Ele estava no chão parado e eu olhava seus olhos, tentava imaginar o que ele sentia. Será que ele imagina que o fim estava chegando? será que estava com dor? será que ele teve ovos? será que deixou descendentes? Por onde ele já voou? Ele deve conhecer a cidade de ângulos que nunca vi e nunca verei.

Eu sentia uma dó, um lamento. Pensei em tantos outros pombos que existem, tantos outros pombos que eu não me importei, e não me importo, tantos pombos que passam voando por nós, tantos pombos que incomodam os humanos, o nojo que sentimos e o incomodo da sua presença. 

Pensei que nós valorizamos ou desvalorizamos algo ou alguém pelo momento, situação ou como algo te toca, mas que o valor real de tudo independe da situação.

Algum tempo depois saí da academia, ele ainda estava lá, pulando de um lado para o outro. Novamente senti dó, senti pena. Imaginando que ele sofria eu pensei alto “Meu Deus, meu Deus “. Soltando minha bicicleta para ir para casa eu não tinha visto que tinha um morador de rua em frente a academia, ele ouviu meu pensamento alto e zombou de mim me imitando “Meu Deus”. Pensei que ele zombava de mim, mas ele deve ter zombado de minha hipocrisia.

#SóARuaEnsina
#OptePeloAmor

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